quarta-feira, 18 de maio de 2011

Londres em 5 mercados

Por Felipe Dreher*
Borough Market
Mercados sempre me interessaram. Tenho a impressão que visitá-los serve para compreender um pouco da formação e de como as coisas acontecem nas cidades. Talvez seja devido à aglomeração caótica que lhe é característica ou, simplesmente, pela mistura do aroma das comidas das barracas, das cores das frutas expostas ou, em alguns casos, da beleza decadente e deslocada de objetos de outras eras. De fato, quando viajo, gosto de ir a esses pontos para, de uma forma peculiar, me inserir na rotina local. Fiz uma lista com cinco de cinco atrações desse tipo em Londres, onde estive no começo de 2011. Espero que gostem.

Brick Lane: ocupa uma série de galpões da desativada fábrica de cerveja do velho Truman. “Bomba” aos domingos, quando a rua é tomada por barracas de antiguidades, livros, comida (de noodles chineses a empanadas argentinas), bizarrices (máscaras de gás da Segunda Guerra, politicamente incorretos casacos de pele de raposa, manequins sem braço de velhas lojas de departamentos) , coisas toscas e toda sorte de quinquilharia a venda. Durante a semana, lojas que ficam dentro dos espaços da produção vendem uma espécie de artesanato industrializado do tipo camisetas silk screen com mensagens engraçadas. Passeie pelo lugar sem rumo e veja os grafites. Preste atenção nas pessoas, pois o bairro tem uma leve influência indiana.

Metro mais perto? Aldgate East
Loja? Rough Trade (discos e algum show grátis, vez por outro)
Beber? Ten Bells (pub de paredes vitorianas onde, diz a lenda, Jack “o estripador” catou algumas de suas vítimas)
Depois? Caminhe no sentido contrário do fluxo da rua até perceber ter entrado num bairro indiano. Encontre o restaurante Tayyabs e não esqueça de levar sua bebida. 


Spitalfields Market: pertinho da estação Liverpool St. (que, por ser um ponto de chegada de trens do interior à capital do Reino Unido, é lotada. A bela arquitetura e o moviento de passageiros em trânsito, por si só, merece uma olhada). O mercado é legal, mas não perderia muito tempo, pois não se difere muito de uma Benedito Calixto aos sábados (quem é de São Paulo, deve saber do que estou falando), sem os hippies e os playboys que frequentam a praça paulistana. Nas barracas, veem-se alguns antiguidades, roupas, restaurantes meio fast food de redes locais, móveis, jóias, coisas diversas. Pode ser uma bom aquecimento para Brick Lane, que fica pertinho.

Metro mais perto? Liverpool St. ou Shoreditch High St.
Depois? Brick Lane Market

A arquitetura do Smithfield Market chama a atenção do público
Smithfield Market: mercado que abastece os londrinos de carne. Ao longo de seus cerca de 800 anos de história, traz alguns marcos como fato de ter sido lá que William Wallace foi executado, por volta de 1305, depois de ser arrastado por um percurso de alguns quilometros de paralelepípedo puxado por cavalos. Há ali, inclusive, uma placa em homenagem ao rebelde escocês que nos anos 1990 ganhou as telonas interpretado por Mel Gibson, em Coração Valente. O local ainda foi bombardeado várias vezes nas guerras que rolaram na Europa e passou por todos aqueles perrengues clássicos de estruturas como essa em outras partes do mundo (incêndio, tá ligado?). Arquitetura é bonitona e colorida, mas, como se trata de um mercado de CARNES tenha estômago para ver animaizinhos mortos. Ok?

Metro mais perto? Farrigdon Cross ou Barbican
Beber? Tente os pubs da Old St.
Depois? Bunhill Fields (cemitério onde está enterrado o poeta Willian Blake. Vale a visita)
Camden Lock Market: artesanato, quinquilharias, música e arte
Camden Lock Market: hippie, punk, rajneesh, adolescente. Entre as docas de um riacho que corta a cidade, velhos armazéns deram lugares a centenas (talvez milhares) de lojinhas de todos os tipos. Prevalece o artesanato, quinquilharias relacionadas a música e artes gráficas, artigos de couro e bugigangas em geral produzidas em massa e trazidas ao comércio por imigrantes (legais, ou não) desembarcados dos países da Ásia. Pra quem é de São Paulo, seria algo como uma mistura da rua Augusta, o stand center, a Galeria do Rock. Fica na parte mais ao norte do centro da cidade, mas, como a cidade  é extremamente bem servida pelo seu centenário Tube (como eles chamam o metrô), não há grandes mistérios de se chegar por lá. Vale a pena ficar ligado nos shows pois há alguns bares por lá onde rolam apresentações de bandas novas ou já consagradas.

Metro mais perto? Camden Town
Beber? Lock 17 (rola uns shows de bandas novas)
Depois? Ande até o simpático restaurante russo Trojka (regent parks rd) e coma caviar por 4 libras.
Borough Market
Borough Market: não entrarei em detalhes, mas saiba que deixei o melhor ficou para o final. Esse mercado é um exemplo incrível de como esse tipo de coisa pode ser legal. Invista seu sábado aqui (abre também as quintas e sextas). Chegue para o almoço e coma o melhor que as barraquinhas tem a oferecer. Hamburguer? É bom. Raclete? Tem também. Brownie? Ótima escolha. Lotado, traduz-se na mais pura essência do que se pode esperar de um mercado. Produtores rurais vendem seus produtos aqui. Queijo, pimenta, vinho, flores. No sábado, vira uma espécie de ponto de encontro e os espaços entre as barracas ficam altamente povoado de pessoas conversando e aproveitando o dia. Dá uma olhada no site e verá que não estou exagerando: www.boroughmarket.org.uk

Metro mais perto? London Bridge
Beber? Por lá mesmo. Tem bancas que vendem cerveja, cidra, vinho.
Depois? Um passeio pela London Bridge ou Tate Modern!

Lotado, vale a pena conferir o 'ir e vir' das pessoas no Borough Market
Fotos: divulgação

* Nascido em Três Coroas (RS), mudou-se para São Paulo em 2006. É jornalista especializado em TI, faz sua própria cerveja e é dono de um humor único!


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